13/10/2015

(Pós-)Guerra

Sacudo as mãos, limpo as armas, olho dentro dos meus olhos em frente ao espelho: em nenhum destes momentos me reconheço. Nada de mim encontro, nenhuma alegria, nenhuma dança.
Suponho que seja assim no final de qualquer guerra... Há uma parte do soldado, a mais feliz, sacrificada para sempre.
De que importa a vitória ou a derrota se qualquer dos desfechos comporta a pena imensa de uma gruta em ecos constantes? Dentro de mim, somente uma gruta e um eco constante. Nenhum recheio.
Cruzo a casa, cruzo todas as grutas e todas as casas, e vejo que nada mais existe. No lugar do chão, rompe uma voz abafada e sombria que a toda a hora repete: findada a guerra, não mais se volta a ser o que foi um dia.
Eu sacudo as mãos, limpo as armas, olho dentro dos meus olhos em frente ao espelho... Assim perco todos os dias a minha vontade de sorrir.